terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Viver-a-sentir-só-a-si-só

Do princípio, do abismo, do caos
Nada nasce, não há lei, não há motivo.
O ser o é agora na eternidade, sempre,
O agora...
A rocha,
O céu,
A nuvem,
A montanha e o tédio, tudo, todas,
Formas do próprio princípio,
Do ser,
Do nada,
Do princípio, do abismo, do caos.

 “Pois que abrir um livro e folheá-lo é sonhar, e lê-lo em ordem é viver.” 


Como no fim, a dúvida perdura, e a névoa profunda se aproxima, lá sempre esteve perscrutando o horizonte, mas somente no fim é que nos damos conta realmente de sua existência, somente quando os abismos se estreitam é que a névoa torna-se ainda mais aterradora. Eis o o grande crepúsculo, o grande meio dia passou despercebido, que cante-se o réquiem, então a nostalgia torna-se o último dos faróis. 

“O que são nuvens 
senão uma desculpa do céu? 
O que é a vida senão uma fuga da morte?”

O ciclo dos retornos eternos nos impele a relembrar, pois se é um ciclo, conhecemos o passado e o futuro, o que aqui escrevem ontem a pouco se leu. Este texto, mais que um simples arranjo probabilístico, tornar-se-á, torne-se o agora já o é, a cada lembrança, um misterioso ponto de inflexão do tempo. Aqui sempre esteve e aqui sempre estará, estarei. 


"Tempo 

no início era começo 
o depois veio depois do depois 
só quando esse se estabeleceu 
no princípio era o agora 
isso demorou até que 
tudo virou antes e depois 
então numa revolução peluda 
o agora voltou ao trono. 
antes e depois viraram 
falta do que fazer 
e tanto fizeram 
que o agora virou tudo, nada 
de volta ao princípio 
o agora congelou. 
o antes fica pra depois.”